Em Nazaré, cidade da região da Judéa, um carpinteiro chamado José preparava-se para se casar com uma virgem mulher chamada Maria. Ela fora escolhida entre todas as virgens, para que fosse com ele uma só carne até a morte: “Maria, sua esposa, estava desposada com José.” (Mt 1,8) As mulheres daqueles séculos se tinham por felizes em poder seguir seus maridos, e ainda, desejam ajudá-los levando até eles o pão e água fresca nos dias de trabalho, e depois de volta, atarefadas, põe-se em movimento para preparar-lhes a mesa para uma boa refeição. São gratas e os amam sem pedir-lhes nada em troca. Esta é a condição daquela época, os homens tinham total autoridade para com as mulheres que foram sempre submissas e tratadas como suas servas sem que assegurassem benefícios algum. Com efeito, desde o momento em que o Anjo Gabriel entra, aproxima-se da simples mulher e a saudou em sua casa, Maria esteve fora de si e envolvida num êxtase profundo de que nada a pode despertar: “Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem era Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alega-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’ Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.” (Lc 1,28-29) Maria, então, não se cansa de contemplá-lo, de senti-lo presente e próximo de si. Nada vê e a nada ouve senão que o anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo.” Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lc 1,30-37) Alegra-se Maria quando o Anjo lhe fala, suas palavras entram-lhe no coração e ai ficarão até a morte. O “SIM” de Maria inaugura a plenitude dos tempos, como aquela que o Pai escolheu para Mãe do seu Filho na encarnação. E Maria louva a Deus em alta voz dizendo-lhe: “Eis me aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra! E o anjo a deixou.” (Lc 1,38) Naquela ocasião, em Nazaré, José e Maria, “antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.” (MT 1, 18) Mas José por meio das dúvidas incertas acerca da gravidez de Maria sua esposa, logo chegou a suspeita que tanto desagradava seu coração e inquieto aparentemente parece acreditar numa traição. Agora passa muitas coisas na cabeça do operário José, que talvez considerasse sua gravidez um vergonhoso adultério. Apesar dos preceitos da Lei mosaica ser um tanto rigoroso, o povo judeu seguia ainda observando seus antigos costumes e tinham o adultério como uma forma detestável que insultava os Céus. Mas o delito da esposa repudiada poderá justificar o novo casamento do esposo traído. Não podem amá-las, nem suportá-las e preferem a elas uma morte infame em nome da liberdade: "Tal é a lei sobre o ciúme quando uma mulher se desviar de seu marido e se manchar, ou quando o espírito de ciúme se apoderar de seu marido, de modo que ele se torne ciumento de sua mulher; ele a levará diante do Senhor e o sacerdote lhe aplicara integralmente essa lei. O marido ficara sem culpa, mas a mulher pagará a pena da sua iniquidade." (Nm 5,29-31) Também os chefes das sinagogas, os covardes implacáveis, que querendo se erigir em juízes do povo, muitas vezes, detestavam-nas desde o momento em que fora acusadas impiedosamente e jogadas aos seus pés. Tal como se nos apresenta o Evangelho de João 8,4-5: "Os escribas e os fariseus trouxerma-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moíses mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres." Deste o primeiro momento foram arrastadas pelos cabelos com a força e a brutalidade também ao mesmo suplicio como animais sem dono e sem defesa. Nem mesmo ouvindo aquelas palavras de compaixão seus corações corrompidos de ódio se calaram a boca, era como se estivessem sozinhas. Na hora do arrependimento manifesto recebe desprezo por quem implorar perdão. No entanto, sabia, pois, José não pode absolver a sua esposa ainda grávida que desobedecera á Lei de Deus, mas não quer também condená-la na sua vergonha, não ousava acusá-la a público para que seja apedrejada. Porque os seus acusadores não têm o direito de exigir-la a morte e ainda estende-lhes as mãos e arremessarem contra ela as pedras homicidas. E em vez levá-la a julgamento público e condená-la a morte, porém, José sofre calado e em suspeitas quer deixar-la e revolve fazer-lo em segredo, baseado na traição que entristece muito a sua humildade: “José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente.” (Mt 1,19) Somente um Anjo do Senhor enviado por Deus ao encontro do carpinteiro poderia revelar a este sua missão de pai adotivo. O anjo quando entra no sono de José, anuncia-lhe a feliz notícia que Deus escolhera Maria para ser Mãe do Salvador do mundo. “Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará a luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados.” (MT 1,20-21) Antes de partir, o mesmo Anjo enviado por Deus ordenou, de agora em diante, Maria não é mais apontada como a mulher pública, senão, que agora José reconhece em Maria a mulher virgem como portadora de todas as graças. As lágrimas de alegria pela verdade achada estão ainda estampadas no rosto deste carpinteiro que agora lamenta a sua vergonha e confusão diante do Anjo, pois, é a pureza de Maria colocada a provas terríveis dos ultrajes ainda em vida. Mas Maria não precisa ser purificada, porque onde existe a pureza de duas virgindades santas em nada trai, senão, que mais os assemelhavam a Deus. E José prometera-lhe ao Anjo, hoje mesmo acolherá Maria em sua casa baixo sua proteção: “Despertando, José fez como o Anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.” (Mt 1,20-21;24) Agora nem julga digno de tocar a carne de sua mulher, mas só ele é capaz de compreender o seu silêncio. Amado por Maria virgem como nenhum homem o poderá ser jamais, o casto José viverá ao seu lado como quem a ama e sem que ele a tivesse conhecido, Maria deu à luz ao menino “que recebeu o nome de Jesus.” (MT 1,25) A história de Zacarias e Isabel, era prima de Maria, já com a idade bastante avançada entristecia-nos, pelo fato não tivera um filho antes da morte, pois, Isabel era uma mulher estéril. “Naquele tempo não ter filhos era considerado um castigo divino pelos pecados cometidos.” Mas através da manifestação da fé em Deus, eis que o Senhor envia teu Anjo para anunciar a Zacarias uma grande alegria, finalmente Isabel não experimentara a morte sem antes conceber um filho, e “ele se chamará João.” (Lc 1,60) Alegra-se Zacarias, pois Deus tenha usado de misericórdia para com eles, “e logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.” (Lc 2,64) Após ter recebido a notícia que a sua prima Isabel, mulher de Zacarias, estava grávida e em breve daria à luz um filho, Maria apressou-se a ir visitá-la. “Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.” (Lc 1,39) Chegado lá, Maria “entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel. Ora, que apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou no seu ventre; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.” (Lc 1, 40-41) Então atarefada, Maria grávida, pois a servir sua prima Isabel sempre a oferecê-la do que precisava e depois corre a prepara a mesa para a refeição, e “Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.” (Lc 1,56) Neste tempo, os romanos da massa dos fraudulentos sempre acima dos caprichos dos povos governados com autoridade por tantos séculos, mantiveram o povo na miséria a serviço do imperialismo romano. É verdade o povo, injustiçado e enganado, não saberia o que fazer vivendo dizimados, oprimidos e abandonados a uma dinastia bárbara de César Augusto, imperador de Roma e desprezo dos Judeus, de quem apoderava pela fraude o pouco que possuíam com mais tributos. Como se não bastar-se a miséria do povo, agora sonham apoderar-se também das esmolas o único sustento que lhes restam aos pobres. Frente ao governo popular, nunca o capitalismo enriqueceu tanto o império romano, como pelas mãos e regimes ditados pelo monarca Pilatos defensor de Roma. Agora a ordem decretada como lei oficial, escrito em nome de César e que levava o selo real, foi espalhada de modo que todos pudessem ler ou ouvir de acordo em todas as províncias do teu reino. Caso então os Judeus não partissem imediatamente, era dada ordem para que seus bens fossem confiscados no mesmo dia: “Naqueles tempos apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria. Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade.” (Lc 2,1-3) No entanto, José que era homem de bem estava lá e não recusava obedecer à menor lei de Deus como dos homens. Pois este pertencia à descendência do rei Davi nascido na cidade de Belém da Judéia, para lá devia partir José. Preocupado com o estado de saúde da sua mulher grávida, José não podia mais esperar e partiu de manhã bem cedo, deixando o trabalho, subiu para Belém e Maria o acompanhou na poeira da estrada para a região da Judéia. Depois desse dia, todos haviam abandonados suas casas atrás e se afastaram rapidamente de Nazaré. O que os esperava dias de fadigas e horas sem fim de viagem: “Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, á cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela.” (Lc 2,1-6) Naquela noite onde não havia lugar para sua mulher grávida, José leva Maria a uma hospedaria. Estava cansado e ela com dores de parto, então, inclinou-se sobre a abertura da janela, teus olhos vêem o clarão da luz da ceia, ouvem as conversas, mas não podem entrar “por que não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lc 2,7) Mas José não se dá por vencido, magoado pela recusa, corre de uma casa para outra tropeçando pelas pedras do caminho, mendigava ás portas de estranhos um pouco de abrigo; bate, chama, suplica e ninguém lhes vem abrir. Mas todos dormem afim de não ouvi-lo, os comércios estão fechados e os cães latem após sua passada. A meia noite venceu o cansaço, José bate á porta de um desconhecido, seu último gemido o acorda, o amigo sonolento abre e, ouviu-se então, através da porta o murmúrio desesperado do estrangeiro a procura de um lugar para descanso. E o pobre homem vendo-os sem lar e sem um leito para deitar-se, fez alguma coisa por compaixão da sua pobreza, e José vê nesse menor sinal de que Deus o Pai não os abandonou. Valeu-se do amor que dedicava a virgem Mãe e a criança, e para suportar a dor deste desterro José cuidava que nada faltassem a sua mais sagrada família. A miséria em que se encontram é tão pavorosa, que estão obrigados a refugiar-se em um estábulo de animais, imundície em que nasceu Jesus de uma virgem sem mancha. Naquela obscura habitação era o lugar mais imundo que serviu então de abrigo improvisado onde Maria, mulher virgem e bela, concebida do Espírito Santo em grande santidade e em perfeita pureza de coração, “deu a luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio.” (Lc 2,7) Naquela mesma noite a noticia chegou até os pastores da vizinhança nos arredores da cidade de Belém “que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um Anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor.” (Lc 2,8-9) Alegraram-se, pois, os pastores ao ouvirem do Anjo mensageiro que os anunciam do nascimento do Salvador prometido a Israel, e o “Anjo disseram-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura. Depois que o Anjo os deixou e voltaram para o céus,” (Lc 2,10-12;15) Os pastores agora são chamados para conhecer os mistérios do Reino dos Céus e também a contemplar com os próprios olhos as alegrias até mesmo das multidões dos Anjos sob os céus festivos, “louvava a Deus e dizia: Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens de boa vontade.” (Lc 2,13-14) Durante toda noite de natal, era necessário que descesse da glória o Anjo para levar aos homens de boa vontade e anunciar-lhes com esperança a feliz mensagem deste dia profetizado pelos profetas: “Mas, quando fez entrar o primogênito no mundo, Deus diz: Todos os anjos devem adorá-lo.” (Hb 1,6) Os pastores comovidos com o acontecimento daquela noite, eles teriam corrido para o estábulo para ver o filho da estrangeira: “Foram com grande presa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura. Vendo-o, contaram o que lhes o que o Anjo havia dito a respeito do menino. Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores. Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração. “Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como o que lhes fora dito.” (Lc 2,16-20) Muitos anos escondidos nos desertos os magos do oriente que não possuíam na sua época moradias e também desconhece o luxo das cidades tão distantes. Com suas vidas antigas e sabias eram os únicos interpretadores dos mais obscuros aos mais notáveis acontecimentos já vistos na astrologia, assim como dos sonhos são os adivinhos. Ao cair da tarde, levantavam-se as tendas, as sombras dão repouso aos seus corpos cansados. As últimas horas da noite, um Anjo do Senhor vinha visitá-los, “e o Anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura.” (Lc 2,10-12) No dia da manhã seguinte, os três magos partiram da região da Caldéa, “exultantes de alegria, sabem que verão com os próprios olhos o Senhor.” (Is 52,8) E com grande pressa puseram-se a caminho de Jerusalém: “Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou.” (Lc 2,15) Eles vagam seus dias atravessando desertos áridos no costado dos camelos. A noite vem para saudá-los e uma estrela guia-os brilhante no céu noturno, “a aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.” (Mt 2, 10) E foi conduzindo-os até os portões da cidade de Jerusalém: “Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém.” (Mt 2,1) Mas o povo Judeu indignado com a presença dos magos, que jamais os viram antes desse dia, agitava-se nos pátios. Mas chegaram enfim exaustos de cansaço e cheios de emoção, e ainda foram recebidos como hospedes importunos. Estas aclamações encheram de rumores a cidade e logo chegara aos ouvidos do rei que saiu para ver o que se passava. O tumulto despertava em Herodes sua curiosidade. Alguns guardas foram enviados até os viajantes misteriosos, e viram os servos do Senhor vindo do oriente e os levou para dentro do pátio interno do Palácio do rei. Porque estes homens de longos mantos e de longas barbas pareceram-lhes importantes demais para não os ouvirem. Sem retomarem o fôlego, os magos queriam dizer diante de todos e sob o testemunho claro da estrela a verdade definitiva sobre Jesus: “Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” (Mt 2,2) Já Herodes este assassino quando soube deles que tinha nascido um Rei na Judéia, estremeceu o seu coração de bárbaro: “A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele.” (Mt 2,3) Seus olhos quase sem crer temia a aproximação daquele cujo não podia ser o anunciado Salvador, o messias esperado e o Rei prometido de Israel. Como quase todos os discípulos de Jesus Cristo esperavam a vinda do Messias libertador, mas filho de Israel que de Deus. Um Messias carnal, guerreiro e político, que libertasse a Israel da escravidão do poder romano e não do pecado: “Senhor é porventura agora que ides restaurar o reino de Israel.” (At 1,6) Obedientes ao seu menor mandato, tinham vindo do Sinédrio todos “os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo.” (Mt 2,4) Estes aduladores dos poderosos sobem até o palácio do rei com muita soberba exterior. No centro dos olhares do povo indignados, Herodes esperava-os impaciente e chegaram envolvidos com suas mais belas vestes. Diante do rei os doutores da lei, como eram chamados, ao que parece tomando ares ignora-os e se escarnece deles como de um espetáculo inventado pelos magos. Á primeira vista, deverão crer na sua hipocrisia sacerdotal mesmo contra a evidência dão uma idéia equivalente de “onde havia de nascer o Cristo. Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta: “E tu Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo.” (Mt 2,4-6) Mas desta vez, o rei não conteve a sua indignação e o seu desgosto retirou-se para uma outra sala, não esteve sozinho, mas acompanhado dos magos, a fim de certificar-se o mais cedo possível onde havia de encontrar o falso cristo, o indesejável: “Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que os astros lhes tinha aparecido.” (Mt 2,4-7) Vendo ele que nada podia obter tendo não satisfeito sua ambição e ocultando as piores intenções mandou-os que partissem “e, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo. Tendo eles ouvidos as palavras do rei, partiram” (Mt 2,8-9) no meio da noite e desapareceu tão depressa pelos caminhos áspero que leva á cidade de Belém, “e eis que a estrela, que tinha visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou.” (Mt 2,9) Quando chegaram se aproximam da abertura da gruta, seus corações encheram-se de compaixão e entraram, ainda encontraram o menino recém-nascido deitado na miserável manjedoura em que repousava, e com carinhosa delicadeza Maria sua mãe toma a criança nos braços e o apresenta para os magos adorá-lo: “Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe.” (Mt 2,11) E os magos ajoelhados sobre a palha cercavam-no, e prostrando-se diante da criança o adoraram e depois abrindo seus tesouros ofereceram-lhe o pouco que possuíam e cada um lhe traz o seu presente era as ofertas mais generosas: “ouro, incenso e mirra” (MT 2,11) como prova da sua consagração ao amor de um Deus único; cumpriu-se, então, o que foi dito: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás.” (Deut 6,13) Na manhã seguinte a grande noite termina, a hora se aproxima da partida, os magos estavam ainda acordados e sem retomarem o fôlego os três viajantes deviam voltar nesta manhã para sua terra natal. Após uma noite sem descanso, partiram era cedo em jejum e cansados como estavam sem uma palavra afastaram-se rapidamente do povoado de Belém na Judéa, contudo, os magos não voltaram para Jerusalém: “avisados em sonhos de não tornaram a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.” (Mt 2,12) Quando soube Herodes “que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado.” (Mt 2,16) E agora para legitimar a sua realeza ameaçada pelo menino, o rei sempre cioso dos teus privilégios, parte acompanhado dos teus carrascos soldados de que dispunha para cidade de Belém na Judéia. Chegado lá, ao redor de berços inocentes ordenou covardemente a matanças de todos os recém-nascidos “e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.” (Mt 2,16) Depois da última noite José não mais dormirá, um Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: “levanta-te toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo.” (Mt 2,13) Mas agora, apoiados na proteção paterna de São José Maria parte como uma fugitiva, leva o seu filho as escondidas para uma terra estrangeira longe dos teus perseguidores e o seu coração sofre em aflição. Assim se cumpria a profecia que anunciava ao seu terror o que devia acontecer: “Quem confia naquele que não tem morada, e naquele que passa a noite onde quer que a noite o surpreenda? Ou que vagueia de cidade em cidade como um ladrão sempre prestes a fugir?” (Eclo 36,28) Pouco tempo depois, Herodes enfim morreu após cometido teu último crime ainda em vida a matança dos inocentes. Antes sofreu males vergonhosos e padeceu desgraças insuportáveis. Então, “com a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egito, e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino.” (Mt 2,19-20) O exílio no Egito foi curto e logo a criança foi levada de volta nos braços de sua mãe para a casa de Nazaré, abrigo pobre onde as mãos calejadas do humilde carpinteiro trabalhava até a noite para o sustento da casa.
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